São fadas, são bruxas
São a redenção dos pecadores, a tentação das pecadoras
São o segredo de nós todos
São jardins de lírios irrigados com doses de saliva profana de beijos dissimulados
São a pureza mergulhada no pecado
São tudo o que não se pode explicar, e se não se pode explicar, vibra misterioso, e o misterioso nada mais é do que incógnita perfeita
São as musas das telas emolduradas por dós, rés, mis e fás
São a bula de letras miúdas, perdidas e infinitas
São morenas cor de tempestade
São pálidas, cor de saudade
São múltiplas, cor de aquarela, de Tarsila, ou de algodão-doce
São o pó mágico de Deus que faz tudo ficar belo
São o fundamento, são a lei
São o avesso de suas reviravoltas, das minhas
São o doce sabor ajaboticabado de uma fruta que esperou o outono partir para cair
São harpas elétricas
São a primeira gota de água bebida
São a fantasia do carnaval, a máscara invisível da nitidez
São Clarices, Olgas, Carlas, Ednas e Marias
São o atalho por um bosque cheio de magia e portas secretas
São lábios envoltos por um feitiço tropical de danças e redemoinhos
São mãos carregadas de flores, sensíveis, mudas e venenosas
São o inalcançável
São o indecifrável
São eu.
Sou eu.