sábado, 1 de setembro de 2007

Foi-se...

Foi-se o tempo em que as pessoas cantavam a nostalgia das tardes de incessantes abraços.
Foi-se o tempo em que as mãos unidas, assíduas, representavam um só corpo, com o mesmo suor saindo pelos poros.
Foi-se o tempo em que a timidez era o resultado de compassivos olhares trocados e os rostos ficavam tão rubros, a ponto de queimarem de tanto acanhamento.
Foi-se o tempo em que havia a impávida necessidade de auto-afirmação e de se provar capaz.
Foi-se o tempo em que a companhia era deglutida e absorvida como um todo.
Foi-se o tempo em que saudades eram sentidas, como lanças afogueadas que perfuravam os corpos, enchendo-os de ardor.
Foi-se o tempo em que essas saudades eram satisfeitas e renasciam logo após, como chamas ainda mais vivas, audaciosas labaredas.
Foi-se o tempo do amor.
Do amor...