Seu passo apressado me deixava confusa. Me deixava pensativa, a olhar sempre para o horizonte, vendo sua figura sumir aos poucos. Seus trejeitos remetiam a uma caricatura, tão expansivos que eram. Seu olhar era incerto, ambíguo, me deixava verdadeiramente embaraçada. Era uma figura escorregadia, de fato.
Sua postura me era familiar, seus passos, seus gestos eram todos por mim conhecidos. Sua maneira própria de segurar a caneta e de escrever com a canhota, seus olhares soslaios e sinuosos, sua obliqüidade peculiar...
Sua aparência ofegante, cansada, necessitada de afago. Seus gestos amáveis, nobres, outros nem tanto. Sua vaidade quase despercebida, seu orgulho sutilmente ferido. Suas concepções transformadas e temerosas. Seu medo inimigo. Meu medo amigo.
Suas unhas roídas por vício assemelhavam-se às minhas, roídas por ansiedade. Suas mãos estavam pegadas às minhas, ligadas por algo que eu não saberia explicar, contínuas, coladas pelo suor que emanava da minha pele. Ininterruptas, como um só corpo.
Seu espírito livre, seu pensamento preso, atado a mim. Sua existência. Minha existência.
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6 comentários:
Yellow - Coldplay
Espero que vc tenha entendido!
Adorei o texto, nallim!
E me lembrei da resenha determinista que nós temos que fazeer...
bJo
uau! eh engracado como a gente se identifica com textos emotivos... acho que quem escreve existe justamente para ajudar a esclarecer(ou não) certas coisas.. eh o que acontece comigo agora, quando não escrevo. =)
lindO.
vontades;
dimensões, pausas e metades..
nallim,lindo(a)
:)
:*
toh pra ver alguém q supere vc, nallim.
ou melhor, talvez eu nunca veja algo além do seu topo.
parabéns.
:**
ô bayba, que linnnndo! :~
a pêra ainda, hein?
notável!
te amoo
as coisas q vc escreve me mostram uma Nallim tão observadora... e eu adoro isso.
=*
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