terça-feira, 7 de agosto de 2007

Clarice.

Sinto-me desprezível a ponto de desistir de mim. Parece que a alma sai pelos poros, dilacerando a pele, restando ao corpo somente um vacúolo de tristeza interminável. Perco a vontade de dormir, mas não o sono. Brota-me aos olhos a descrença do que sou, ou do que penso ser, brota-me aos olhos incuráveis insônias de desespero, desespero, desespero, brando aos olhos de quem desconhece o sabor amargo da alma. A angústia rouba-me a força, até esquecer-me de mim mesmo. O único cheiro que sinto é o odor fétido da minha própria putrefação, da gaseificação podre de meu castigo. O som que ouço são notas cansadas de uma “Va, pansiera”, que passeiam em meus ouvidos, como se me açoitasse em notas curtas e fúnebres. As lágrimas que escorro são sólidas, somente sal. Por mais que procure, jamais descubro onde se esconde o erro. Provavelmente coberto por alguma outra casca humana que não a minha. É como se, de repente, tivessem roubado todos os móveis da minha casa. Vazio.
Uma “desvontade” de dispor os pés um a frente do outro. Resta-me um caqueiro. É como se faltasse vontade. Ou uma mão para segurar, não me sei. É como se faltasse ao espírito uma voz para dizer-lhe “é isso que você quer”. Não sei o que quero, quem sou, se sou, e porquê sou. Em algum passo mal dado, deixei que caísse meu sujeito agente, de tal forma que me despi de desejo, sonho, ou qualquer coisa que sugira normalidade a um ser humano.

3 comentários:

Anônimo disse...

O.o
O q está acontecendo??

Nallim disse...

muitxo bom...
antes de ler, me perguntei o pq do título. quando comecei a ler, vi pq. o início remete a Clarice, o meio remente a uma maneira de Caio escrever que eu particularmente não gosto, e o fim remete ao meu Caio... remete a toda verdade da sua alma.
parabéns.

Tacita disse...

Silêncio.
E sempre estarei do seu lado.
=)


Beijinhos...
;**
(A fã.)